segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Maracatu Cearense (e projeto Alàgba)

O maracatu cearense caracteriza-se pelo ritmo mais lento. Outra característica é a tradição dos brincantes de pintar o rosto de preto, celebrando as origens africanas. O Maracatu está relacionado à chegada dos africanos em Portugal no fim da idade média. Ao entrar em contato com a religião católica, os africanos fizeram associações entre os santos católicos e as divindades africanas. Uma delas foi a de Nossa Senhora do Rosário. A imagem da Santa tem, ao redor do pescoço, um colar de rosas (rosário), similar ao colar de Ifá (orixá que previa o futuro).

Assim, os escravos que chegaram à Europa no séc. XV passaram a ser devotos de Nossa Senhora do Rosário. Com isso foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Mesmo escravos, os negros construíam igrejas em homenagem à Santa onde se estabeleciam.

Uma vez por ano, no dia 07 de outubro, dia de Nossa Senhora do Rosário, os escravos tinham folga. Nesse dia, faziam o ritual de coroação do rei e da rainha da irmandade. Esse ritual de coroação teria dado origem à vários autos e danças, incorporados ao folclore brasileiro desde o século XVII. Entre eles, o Auto dos Reis de Congo, o Congado e o Maracatu. De fato, o maracatu é parecido com o ritual: um cortejo com música para a coroação de uma rainha negra.

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É desse mote que tiramos uma estrutura dramática para a elaboração dos conteúdos de dinâmica teatral que permitirá todo o entendimento do cortejo do Maracatu, vislumbrando um paralelo entre opereta e manifestação de rua, com uma ordem de acontecimentos Aristotélica, hierarquia de personagens, conflitos, clímax e conclusão do drama. Sendo assim em toda dança dramática popular e histórica, o teatro se faz presente para narrar, ilustrar e ou até mesmo fixar o quão é importante a reprodução daquele instante (neste caso a coroação da rainha).

Em 1936, o maracatu cearense passou a assumir a formação de um bloco carnavalesco e a desfilar durante os carnavais, como ocorre até hoje, mas com esta ação, pretendemos modificar este olhar de que o Maracatu é só uma manifestação momina, e sim uma forma de expressão afro descendente, rica em seus conteúdos e na manutenção de suas ações e tradições, os resgatando comaação direta de jovens da comunidade do Conjunto Palmeiras onde o Ponto de Cultura é sediado, os envolvendo em todos os meios de produção desta encenação, desde o entendimento dramatúrgico, histórico, e os meios de execução das indumentárias dando assim um sopro de revitalização nesta manifestação tão importante para o registro histórico do negro no Ceará. Além disso, evidenciando os benefícios gerados por esta ação que permitirá a construção do acervo de figurinos e adereços para o Ponto de Cultura que terá um elemento a mais para complementação dos cortejos realizados dentro da comunidade.

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